Releases para imprensa

América Latina deve priorizar o progresso social, mesmo com um cenário econômico desafiador à frente, sugere edição 2015 do IPS

Release para imprensa

Nova edição do Índice de Progresso Social (IPS 2015) apresenta um cenário complexo para a região, com necessidades de avanços sociais em meio à incerteza da economia em diversos países – o Brasil (na 42ª posição) lidera os BRICS no ranking global, que conta com 133 países.

9 de abril de 2015 – O Índice de Progresso Social (IPS) divulgado hoje pela instituição global sem fins lucrativos Social Progress Imperative sugere que os países da América Latina devem ter como meta priorizar o progresso social e que as desafiadoras condições econômicas locais não devem necessariamente ser um obstáculo à melhoria de vida dos cidadãos.

O IPS 2015 – que classifica 133 países com base em seu desenvolvimento social e ambiental – foi criado por uma equipe cujo assessor principal é o professor Michael E. Porter, da Harvard Business School, como um complemento a outros indicadores para permitir uma compreensão mais holística do desempenho geral dos países.

De modo geral, os países da América Latina e do Caribe foram relativamente além das expectativas em suas colocações na edição 2015 do levantamento, ao conseguirem bons índices comparados com seu poder econômico em uma faixa de medidas de progresso social, especialmente quanto à tolerância, inclusão e liberdade pessoal (itens avaliados dentro da chamada dimensão de “Oportunidade”, uma das três medidas básicas empregadas pelo Índice). No entanto, o Índice também mostra que os países da região têm baixa classificação em várias medições. As questões de segurança pessoal, em especial, são problemáticas, assim como o acesso à educação.

Os resultados do IPS na América Latina permitem que sejam identificados três grupos de países:

  • Países com pontuação 70 ou superior no Índice de Progresso Social, os quais apresentam menores desafios em termos de bem-estar (Uruguai, Chile, Costa Rica, Panamá, Brasil);
  • Países como Colômbia, Equador, México, Peru e Paraguai, com pontuação de avanço social superior a 65, em uma situação intermediária;
  • Países com déficits graves de bem-estar, como El Salvador, Venezuela, Bolívia, República Dominicana, Nicarágua, Guatemala e Honduras, cuja pontuação no Índice de Progresso Social é apenas superior a 60.

Os resultados desagregados de progresso social no Brasil confirmam as tendências regionais: enquanto o País aparece inserido no grupo de médio-alto progresso social, na 42ª posição na avaliação média de todos os índices, ele aparece em 62º e 122º lugares, respectivamente, nos quesitos educação superior e segurança pessoal.

Apesar disso, o Brasil lidera o grupo dos BRICS, seguido por África do Sul, Rússia, China e Índia. Exceto o Brasil, cujo avanço social, na 42ª posição, é mais alto do que seu PIB per capita (54ª), todos os BRICS têm baixo desempenho no IPS, sugerindo que, especialmente na China e na Índia, um crescimento econômico rápido não é sinônimo de melhoria das condições sociais para os cidadãos.

O perfil apresentado pelo Brasil demonstra desafios-chave para o progresso social nos próximos anos, particularmente na dimensão de necessidades humanas básicas, na qual o País fica na 74ª posição no ranking global, com déficits importantes em segurança pessoal (ele aparece entre as dez últimas posições do ranking neste quesito no levantamento) e também em cuidados médicos básicos e moradia. Outros desafios para o Brasil envolvem, na frente de fundamentos de bem-estar, a necessidade de endereçar questões de acesso à informação e comunicações. Na dimensão de oportunidades, o País deve melhorar os índices relacionados ao acesso à educação superior.

Os resultados da edição 2015 do Índice mostram que, embora haja uma correlação entre o progresso social e o PIB, o crescimento econômico está longe de garantir avanços no campo social. Por outro lado, permite verificar também que as nações podem continuar a melhorar a vida dos cidadãos apesar das dificuldades econômicas enfrentadas por milhões de pessoas na América Latina.

A nova edição do IPS mostra a Costa Rica com o mais alto desempenho relativo de avanço social no mundo todo, a partir da relação entre a colocação obtida no ranking (28ª posição entre os 133 países analisados) do Índice com o seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 13.431 – à frente da Itália (31ª entre os avaliados) e da Coreia do Sul (29ª), que têm quase o triplo do PIB per capita do país centro-americano (US$ 34.167 e US$ 32.708, respectivamente).

A Costa Rica não é o único país a desafiar a ortodoxia reconhecida de que o crescimento econômico basta para trazer progresso social. O Paraguai alcança o mesmo patamar de progresso social que o México, com menos da metade de seu PIB per capita (US$ 7.833 contra US$ 16.291), enquanto a Nicarágua atinge o mesmo patamar de avanço social que a Venezuela, com um PIB per capita quatro vezes menor (US$ 4.494 contra US$ 17.614).

A visão de especialistas sobre o IPS e sua nova edição

Michael Green, diretor executivo do Social Progress Imperative, afirma: “Se os países da região desejarem progredir no avanço social, precisam continuar a fortalecer as oportunidades para seus cidadãos, especialmente em momentos de incerteza econômica. Ele complementa: “Nos resultados do Índice em 2015, os países da América Latina tiveram bom desempenho em medidas como assistência médica e conhecimento básico – áreas que estão melhorando nos países do mundo todo e têm sido o foco das Metas de Desenvolvimento do Milênio. Nas chamadas medições de ‘oportunidade’, tais como direitos pessoais, tolerância e inclusão, ou liberdade pessoal e escolha, os países da região tiveram boa classificação, mas isso se deveu em parte ao péssimo desempenho do resto do mundo em ‘oportunidade’.”

Roberto Artavia, vice-presidente do Conselho do Social Progress Imperative, aponta: “O Índice de Progresso Social deste ano lança o desafio para os países em toda a América Latina de priorizar o avanço social apesar das dificuldades econômicas em geral. A nova edição identifica o relacionamento entre o avanço social e a pobreza: em qualquer plano do PIB per capita, os países com altos níveis de avanço social tendem a ter baixos índices de pobreza – em outras palavras, o crescimento econômico não é tudo, boas políticas de progresso social também ajudam a reduzir a pobreza. A história da política social na Costa Rica deve ser tomada como exemplo para toda a região, de como é possível desafiar a ortodoxia reconhecida de que o crescimento econômico é tudo e que os países podem melhorar a vida dos cidadãos, apesar das dificuldades econômicas que tantos enfrentam em toda a América Latina.”

Glaucia Barros, diretora programática da Fundación Avina no Brasil, adiciona: “Ao contrário do PIB, um país não pode elevar sua classificação no Índice de Progresso Social apenas aumentando as transações financeiras. O IPS é uma métrica que identifica as riquezas requeridas para o desenvolvimento justo, democrático e sustentável. O relatório deste ano sugere que os países da América Latina priorizem o tratamento de questões socioambientais, especialmente em contextos de dificuldades econômicas.”

Eduardo Oliveira, sócio-líder da Deloitte para o Setor Público no Brasil, destaca: “O Índice de Progresso Social é uma ferramenta para direcionar recursos às áreas que podem destravar o desenvolvimento efetivo da sociedade. Para os negócios, o Índice é uma necessidade fundamental no século 21 – guiando investimentos, baseando estratégias de responsabilidade social e ajudando no melhor entendimento do impacto e do propósito dos projetos privados e das políticas públicas.”

Sally Osberg, presidente e CEO da Skoll Foundantion, aponta: “Pela primeira vez, a atual edição do levantamento reporta o progresso mundial, inserindo lado a lado os resultados coletivos de 133 países. Infelizmente, como um todo, o mundo teve uma nota de reprovação, com 40% dos países ranqueando na faixa de avaliação com menor progresso social. Há uma especial preocupação na performance global nos indicadores de oportunidade – o que demanda a necessidade de países ricos e pobres despertarem com atenção para o tema.”

Outras constatações presentes na nova edição

Pontos fortes

● Nas medições de nutrição e assistência médica básica, que levam em consideração indicadores como mortalidade infantil e morte por doenças contagiosas, os países da América Latina e do Caribe registram os mais altos índices absolutos (uma média de 92 entre 100). O Chile lidera o desempenho da região nessa medida (mas só fica em 43º do mundo). Os países da região também têm boa performance nas medidas de acesso ao conhecimento básico, que avaliam a alfabetização adulta e matrículas escolares, com classificação de 90/100. O país com melhor desempenho na região é o Brasil (38º), seguido de perto por Cuba (39º).

● Quando se trata de forças relativas (comparação de resultados de nações com níveis de PIB similares), os países da América Latina e do Caribe mostram bons resultados na medição de tolerância e inclusão, o que inclui análises de tolerância com imigrantes e homossexuais. Dos 21 países avaliados, nove superam significativamente as expectativas de desempenho dentro de PIBs comparáveis.

● Os países da América Latina também têm bom desempenho com relação ao PIB em saúde e bem-estar, medição que leva em consideração expectativa de vida, obesidade ou a taxa de suicídio. Oito entre 21 países no total mensurado superam significativamente outros países com PIB comparáveis. Cinco países da região, de 133 países mensurados pelo Índice deste ano, classificam-se entre os dez primeiros do mundo. O país líder da classificação – o Peru – é também o líder global nessa mensuração. E ainda, nessa medição, cinco países da região dos 133 mensurados pelo Índice neste ano se classificam entre os dez melhores: Peru (1º), Colômbia (6º), Equador (7º), Costa Rica (8º) e Panamá (10º).

Pontos fracos

● “Segurança pessoal” é um problema crônico em toda a América Latina. Dos 15 países com os piores registros nesse campo – que mede fatores como taxas de homicídio e mortes por tráfico –, sete estão situados na América Latina e no Caribe. Doze países da região ocupam posições inferiores ao 100º lugar no mundo: Venezuela (131º), Honduras (127º) e República Dominicana (125º), uma classificação particularmente baixa.

● “Acesso à educação superior” é um ponto fraco em toda a região. Este índice é composto de fatores como a igualdade na conclusão dos estudos e o número de universidades de alto nível localizadas em cada país. O líder da região na classificação – Chile – alcança apenas a 31ª posição no mundo, com o Brasil ocupando a 62ª colocação e o Uruguai, a 69ª.

Como usar o Índice de Progresso Social para estimular o avanço na América Latina

O Índice foi elaborado para apoiar os líderes de todo o mundo – nos negócios, na política e na sociedade civil –, com dados sólidos para o estímulo do progresso social. Esse movimento já está em curso em toda a Rede de Progresso Social:

● O Paraguai tornou-se recentemente o primeiro país no mundo a oficialmente adotar o Índice de Progresso Social como métrica do desempenho nacional, usando os dados do Índice para avaliar as necessidades sociais de seus cidadãos, informando e monitorando investimentos e decisões de gastos.

● Representantes de órgãos governamentais, inclusive do Ministério do Desenvolvimento Social do Peru, do Panamá e do Chile, do Ministério do Planejamento do Paraguai e de Trinidad e Tobago, a Cidade da Guatemala e a cidade do Rio de Janeiro ingressaram em nossas redes e estão liderando os novos esforços de promoção do bem-estar humano em toda a região.

● A Rede de Progresso Social na América Latina conta com 117 organizações parceiras de diferentes setores em dez países da América Latina e do Caribe (Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e Trinidad e Tobago).

● Graças a processos de colaboração em rede, as organizações parceiras em toda a América Latina estão aplicando a metodologia do Índice de Progresso Social a regiões, cidades e comunidades a fim de identificar as necessidades sociais e ambientais mais prementes, descrever essas necessidades em uma linguagem comum, priorizar os recursos, alinhar intervenções, promover abordagens inovadoras e incrementar o impacto social desses esforços.

O Social Progress Imperative criou o Índice de Progresso Social com a colaboração de acadêmicos da Harvard Business School e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), além de organizações internacionais de empreendedorismo social, negócios e filantropia, lideradas pela Fundação Skoll e a Fundación Avina, bem como por empresas como a Cisco, o Compartamos Banco e a Deloitte e suas firmas-membros.

Vinte e um países de toda a América Latina e do Caribe estão incluídos na nova edição. Dados de outros quatro países foram também avaliados, mas, devido à insuficiência de informações, não puderam ser incluídos como parte da classificação geral final (veja a lista completa nas “notas aos editores”, a seguir).

Notas aos editores:

Resultados de 2015

O conjunto completo de dados do Índice está disponível a partir de 9 de abril nos endereços: http://www.socialprogressimperative.org/data/spi e www.progressosocial.org. Observe que, devido à quantidade de alterações feitas ao índice deste ano, inclusive no número de países analisados, o Índice de Progresso Social 2014 não pode ser comparado com o de 2015.

Países da América Latina incluídos no Índice 2015:

● Dados de 21 países de toda a América Latina e do Caribe estão incluídos no Índice 2015 final. São eles: Cuba, República Dominicana, Jamaica, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

● Outros quatro países foram avaliados quanto ao avanço social, mas não foram incluídos na análise final devido à indisponibilidade de dados. São eles: Haiti, Trinidad e Tobago, Belize e Suriname. Dados parciais desses países encontram-se disponíveis.

 

Sobre o grupo Social Progress Imperative

A missão do Social Progress Imperative é melhorar a qualidade de vida das pessoas no mundo todo, em particular a dos menos abastados, fazendo avançar o progresso social global: fornecendo uma ferramenta de mensuração sólida, holística e inovadora – o Índice de Progresso Social (IPS); promovendo a pesquisa e o compartilhamento de conhecimentos sobre o avanço social; e aparelhando líderes e promotores de mudança nas áreas de negócios, governos e sociedade civil, com novas ferramentas de orientação de políticas e programas.

O que é o Índice de Progresso Social (IPS)?

O IPS é um índice que agrega indicadores sociais e ambientais que capturam três dimensões do progresso social: as Necessidades Humanas Básicas, os Fundamentos de Bem-Estar e as Oportunidades. Ele mede o progresso social utilizando estritamente indicadores de resultados, e não o esforço que um país realiza para alcançá-los. Por exemplo, o montante que um país gasta em cuidados de saúde é muito menos importante do que o bem-estar e a saúde realmente alcançados, ou seja, o que é medido por seus resultados.

Rede #Progresso Social Brasil

A rede #Progresso Social Brasil faz parte de um movimento global em expansão de redes nacionais #Progresso Social, cujo objetivo é reunir diferentes setores da sociedade, incluindo empresas, sociedade civil, organizações filantrópicas, órgãos do governo e academia, em torno do objetivo comum de melhorar o progresso social e o bem-estar humano. Nossa rede conta com o apoio estratégico da aliança entre Social Progress Imperative, Fundación Avina e Deloitte. Interessados em compor a rede devem entrar em contato pelo email: brasil@progressosocial.org.br.

 

Apoio financeiro

O Social Progress Imperative tem seu registro como organização sem fins lucrativos nos Estados Unidos e agradece pelo apoio financeiro recebido das seguintes empresas: Cisco, Compartamos Banco, Deloitte Touche Tohmatsu Ltd., Fundación Avina, Fundação Rockefeller e Fundação Skoll. 

O que é progresso social?

Progresso social é definido como a capacidade de uma sociedade de atender às necessidades humanas básicas de seus cidadãos, estabelecer os componentes básicos que permitam aos cidadãos melhorar a sua qualidade de vida e criar as condições para as pessoas e as comunidades atingirem seu pleno potencial.

Definição de PIB per capita

O Índice de Progresso Social utiliza para esse conceito a definição do Banco Mundial: “O PIB per capita toma como base a paridade do poder de compra (PPC). A PPC do PIB equivale ao produto interno bruto convertido em dólares internacionais, usando-se as taxas de paridade de poder de compra. Um dólar internacional tem o mesmo valor de compra em relação ao PIB que o dólar dos Estados Unidos. O PIB ao preço do comprador é a soma do valor bruto agregado de todos os produtores internos mais os impostos sobre produtos e menos os subsídios não incluídos no valor dos produtos. O PIB é calculado sem deduções de depreciações de ativos produzidos ou taxa de depreciação e degradação de recursos naturais. Os dados são baseados em dólares internacionais de 2011.”

In Press Porter Novelli

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