Análise

O acesso à saúde mental no Brasil

País tem lacunas que precisam ser solucionadas para que o acesso da população à assistência psicológica seja garantido

Uma das questões mais importantes para o futuro, segundo o Global Health Care Outlook, a saúde mental enfrenta obstáculos em diversos países. Em todo o mundo, 1 bilhão de pessoas possuem algum tipo de distúrbio mental – sendo a depressão e a ansiedade as condições mais comuns. No Brasil, pesquisas recentes mostram que 75% da população se preocupa com o tema. Desde o início da pandemia de Covid-19, os registros de distúrbios mentais no País cresceram: 53% dos brasileiros reportaram uma piora na saúde mental e emocional após a chegada da crise sanitária – índice superior à média dos 30 países e territórios pesquisados.

De acordo com a Constituição de 1988, Art. 196, a saúde é direito de todo cidadão, sendo o Estado o responsável por garantir, por meio de políticas sociais e econômicas, a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Na prática, porém, os pacientes que necessitam de cuidados mentais ainda enfrentam estigmas sociais e encontram dificuldades para acessar os tratamentos. Além disso, a distribuição do acesso a tratamentos para ansiedade e depressão no território é desigual entre os diversos estados do País, com uma concentração nas regiões Sudeste e Sul.

Nos últimos cinco anos, a quantidade de pacientes atendidos pelo SUS por patologias psicológicas aumentou em 51%. Para transtornos depressivos recorrentes e de ansiedade, o aumento foi de 78%. No primeiro ano após a chegada da pandemia, o SUS observou um aumento de 23% dos pacientes dessas patologias. De acordo com o Datasus, 2 em cada mil brasileiros estiveram em tratamento no SUS para depressão e ansiedade em 2021.

 

Transtornos mentais relacionados ao trabalho

Transtornos mentais estão cada vez mais presentes no mundo do trabalho e, geralmente, estão relacionados a elementos como a má divisão e parcelamento das tarefas, as políticas de gerenciamento das pessoas no trabalho, assédio moral e sexual e a estrutura hierárquica organizacional.

Estatísticas oficiais da Previdência Social e estudos epidemiológicos apontam elevadas prevalências de adoecimento mental em grupos de trabalhadores no Brasil e reforçam a relevância desses eventos como causa de concessão de auxílio-doença por incapacidade.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (SINAN), a quantidade de notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho aumentou na última década, sendo o transtorno misto ansioso e depressivo a principal causa das notificações. Juntos, episódios depressivos, transtorno depressivo recorrente e transtornos ansiosos representaram mais da metade das notificações.

A Síndrome de Burnout, também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, é uma doença ocupacional definida pelo alto nível de estresse relacionado ao trabalho. Entre 2012 e 2021, a busca pelo termo “burnout” quase duplicou, conforme dados do Google Trends. Essa tendência reforça o Brasil como o segundo país com maior número de trabalhadores afetados.

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