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Perguntas & Respostas

Descubra as potencialidades de Open Data numa entrevista com Tiago Durão

1. Como poderemos re-imaginar Portugal através de Open Data?

Portugal, por estar num nível de maturidade ainda relativamente baixo quando comparado com as suas congéneres europeias, tem aqui uma janela de oportunidade muito grande no que diz respeito a Open Data. Estamos, por exemplo, entre os três países da UE28, que afirmam que o impacto de Open Data na eficácia do governo é ainda baixo.

Assim, perante a previsível crescente necessidade de dados por parte das empresas e das pessoas, poderemos antecipar o futuro através da criação de plataformas de Open Data, criando um acesso público de dados sem precedentes e possibilitando, simultaneamente, o surgimento de novos serviços e produtos em diversas indústrias, mais próximos das necessidades do mercado e dos consumidores e adaptado aos novos hábitos sociais.

Se a este fator, juntarmos uma forte aposta em Data Governance, isto é na organização e análise dos dados disponíveis, Portugal poderá assumir um papel importante na área de Open Data.

2. Qual o potencial de Open Data a nível internacional e nacional?

O número de dados a nível global registou, entre 2010 e 2018, um crescimento consistente, no entanto, a partir de 2018, e nos próximos sete anos, até 2025, perspetiva-se um aumento exponencial, de 530%. Por outro lado, em 2025, prevê-se que 30% dos dados gerados no mundo possam ser processados e analisados em tempo real.

Estes são indicadores que permitem antever um potencial extraordinário para a área de Open Data. A Comissão Europeia reconheceu esse potencial e criou recentemente diretivas europeias com o propósito de regular esta área, facilitando a livre circulação de informação e comunicação, perante a crescente necessidade das empresas na utilização de dados.

Esta tendência crescente de acesso e utilização de dados pode tornar as empresas mais competitivas, a partir do momento em que as decisões estratégicas de gestão poderão, dessa forma, ser tomadas de um modo mais informado e com uma maior base de conhecimento, seja sobre o mercado em que operam, seja sobre o perfil de clientes.

Portugal pode beneficiar do facto de partir numa posição mais atrasada já que as empresas nacionais poderão desde já começar a tirar partido da experiência dos outros países em Open Data e, assim, ajustar melhor o seu produto. Para que possamos ter um papel relevante nesta área será importante desenvolver uma Estratégia Nacional de Open Data, raise awareness, através de workshops ou sessões de sensibilização e criar um portal moderno de Open Data, que permita a utilização e descoberta de novos dados.

3. O que é que Open Data vem alterar na vida das empresas e das pessoas?

Open Data tem um impacto transversal na economia e no funcionamento de várias empresas, impactando também as próprias pessoas, no modo como se relacionam com os serviços que têm à sua disposição.

A forma como Open Data se relaciona com outras tecnologias (Inteligência Artificial, Robotização, Analytics, entre outros) permite-nos antecipar algumas utilizações mais relevantes: a criação de experiências, produtos e preços personalizados a partir de dados e da sua conjugação com analytics e big data; a integração, por exemplo, das operações bancárias nas interações diárias das pessoas, facilitando a ligação entre clientes e banco; a personalização dos call centers automáticos, dotando os robôs de informação relevante sobre cada cliente e, por fim, numa ótica de gestão, a possibilidade de criação de novos modelos de negócio e fluxos de receita por parte das empresas, a partir dos dados de que dispõem.

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