Artigo

Os Robôs contra-atacam 

Robôs de serviço profissionais ganham terreno e trazem consigo duas armas estratégicas potentes e promissoras: a Inteligência artificial e o 5G

A utilização de robôs num contexto industrial está longe de ser um conceito futurista. É uma realidade com provas dadas em termos de criação em valor em distintos setores, e as previsões de mercado apontam para um crescimento contínuo desta tendência nos próximos tempos. Este ano, a base instalada deverá ser 93 por cento maior que aquela que existia em 2016. Mas são eles que vão “dominar o mundo”? Aparentemente não.

O mercado de robôs de serviço profissionais não só está a crescer mais rapidamente, como deverá ultrapassar o dos robôs industriais em termos de receitas já este ano, de acordo com dados da Deloitte. E a luta nem promete ser justa.

Os robôs de serviço trazem dois trunfos que prometem revolucionar totalmente a forma como os mercados trabalham – os chips de inteligência artificial (IA) e o 5G. Estas duas tecnologias podem tornar estes robôs mais dinâmicos, flexíveis, úteis e atrativos para as empresas, e com isto derrubar a maior parte das barreiras que estavam a travar o crescimento deste mercado até então.

Conectividade

Assegurar uma conectividade permanente, de qualidade e totalmente fiável para um robô de serviço profissional que exige uma mobilidade total sempre foi um dos maiores desafios. Os fios comprometem a mobilidade; o Wi-fi pode não garantir o nível de fiabilidade necessário durante a transição entre diferentes pontos de acesso; e as redes 4G são caras, possuem uma latência elevada (o que penaliza o tempo de resposta), e não conseguem gerir eficazmente um elevado número de robôs numa determinada área.

O 5G vem resolver todos estes problemas. A norma prevê uma taxa de fiabilidade de 99,9999%. O slicing da rede permite alocar desempenho de rede a tarefas prioritárias ou mais exigentes, e as empresas podem optar por investir em redes privadas. A latência é de sub-milissegundos, um valor muito inferior aos 40-50 milissegundos do LTE ou aos mais de 100 milissegundos do Wi-Fi. Suporta densidades de ligação de até 1 milhão por quilómetro quadrado e funciona muito melhor que o 4G e o Wi-Fi em ambientes com muito metal. Na prática isto significa que o 5G conseguiria ligar e suportar 10 mil dispositivos num espaço com 10 mil metros quadrados. O 4G suportaria pouco mais de 600.

Inteligência artificial

A inovação em termos de chips de IA pode beneficiar os robôs de serviço profissionais, tanto em termos de desempenho como de consumo energético.

O elevado consumo de energia por parte das unidades de processamento restringe a mobilidade e compromete a eficiência dos robôs. Mas os chips para computação de IA são mais pequenos, consomem menos energia e são mais potentes (são necessários menos para o mesmo trabalho). Isto potencia avanços em termos de design, desempenho e de mobilidade nestes robôs.

Se os chips do próprio robô não forem suficientes, o 5G pode ligar o robô a processadores mais potentes no local, a um servidor edge ou mesmo à cloud.

A Deloitte estima que a robótica represente uma fatia considerável do mercado de IoT empresarial, que, por sua vez, deverá ser um dos maiores beneficiários da 5G.

Prevê-se que as receitas do mercado total de 5G IoT cresçam, em média, 55 por cento anualmente, durante os próximos quatro anos - de apenas 694 milhões de dólares em 2020 para 6,3 mil milhões em 2025.

A IA e o 5G vão acelerar o ritmo de inovação dos robôs. Em 2025 existirá já uma nova geração de robôs mais capaz e flexível, que terá impacto direto não só nas estratégias de produção e de produto, mas também na resolução de problemas de mão-de-obra escassa ou de alto custo. 

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