Artigo

Global Resilience Report 2021 

Building the resilient organization

Como é que as organizações podem enfrentar o inesperado e lidar com os efeitos da pandemia COVID-19? Que aspetos podem fortalecer a resiliência das organizações? Como sobreviver e prosperar nesta nova era de absoluta disrupção?

A Deloitte apresenta o estudo ‘Global Resilience Report 2021’, que agrega a visão de 2.260 líderes do C-level (CXOs) de cerca de 21 países, com o objetivo de entender de que forma estão as organizações a lidar com os acontecimentos inesperados provocados pela pandemia em todo o mundo, e que identifica os cinco principais atributos de resiliência de uma organização, ajudando-as a robustecer as suas estratégias e a preparar-se para as futuras transformações.

Segundo o estudo, à medida que o tempo vai avançando a capacidade de construir e reconstruir resiliência torna-se cada vez mais essencial para as organizações, com 60% dos líderes globais do C-Level (CXOs) a afirmam que a disrupção veio para ficar e irá continuar a marcar o futuro numa base regular e pontual. Apesar de a maioria dos líderes admitir que as disrupções se podem tornar numa norma, menos de um terço se sente totalmente confiante de que suas organizações se podem adaptar rapidamente e responder a ameaças futuras.

As alterações climáticas surgem, nesta pesquisa, como a principal questão que as empresas enfrentarão durante a próxima década. Os CXOs referem, de forma perentória, que as perturbações de mercado não irão desaparecer: 3/4 dos participantes acreditam que a crise climática é de magnitude semelhante ou maior por comparação com a pandemia COVID-19.

Perspetiva dos líderes em Portugal

Para perceber como é que as organizações em Portugal estão a lidar com os desafios inesperados do último ano e quais as suas visões sobre o futuro, a Deloitte inquiriu os CEOs das maiores empresas a operar no país dos setores de comércio, transportes, indústria e do setor financeiro e de seguros.

Em linha com a visão dos líderes globais, a maioria dos CEOs portugueses acredita que o nível de disrupção que atualmente vivemos será novamente sentido, com elevada probabilidade, no futuro. A análise realizada revela que as organizações resilientes—organizações com mindsets e culturas flexíveis, adaptáveis, inovadoras e de longo-prazo – estão melhor posicionadas para superar disrupções e a repor a normalidade no pós-pandemia.

As organizações portuguesas concordam que as alterações climáticas constituem um dos desafios mais prementes da sociedade assumindo, mesmo em contexto pandémico, uma maior relevância do que questões relacionadas com a saúde e prevenção de doenças.
 

Cinco atributos das organizações resilientes

Os líderes empresariais podem não saber exatamente que ameaças vão surgir ou quando, mas acreditam que podem tornar as suas organizações mais resilientes, com maior probabilidade de resistir e prosperar no meio dessas disrupções, se conseguirem reunir um conjunto de atributos/ condições. Esses atributos, descritos de seguida, não são imutáveis no tempo e não existem de forma orgânica. Estes exigem vontade, esforço, investimento e ação para serem cultivados e mantidos.

Preparação – Os CXOs devem preparar-se para todos os resultados, tanto a curto como a longo prazo. Mais de 85% dos CXOs globais cujas organizações conseguiram equilibrar a abordagem das prioridades a curto e longo prazo sentiram que tinham conseguido uma adaptação muito eficaz aos acontecimentos de 2020. Na perspetiva dos líderes portugueses, mais de 70% afirmam que as suas organizações estiveram bem ou muito bem no equilíbrio entre as necessidades de curto prazo e a gestão de oportunidades de crescimento no longo prazo. Destaca-se ainda que 93% dos respondentes considera que a sua organização foi mais resiliente que os seus concorrentes na gestão da crise.

Adaptação – Os líderes globais e portugueses reconhecem a crescente importância de ter profissionais versáteis, especialmente após um ano como 2020. Para esse fim, a flexibilidade e adaptabilidade foram os atributos que referiram como os mais críticos para o futuro. Os líderes portugueses sublinham igualmente o pensamento crítico e a coragem para desafiar o status quo. Uma visão que não é partilhada a nível global, onde os líderes globais optam por destacar o conhecimento tecnológico e a expertise como características críticas no âmbito do talento. No survey global, cerca de três em cada quatro dos participantes afirmaram ter implementado medidas para tornar a sua força de trabalho mais adaptável (tais como, a formação ou requalificação, a implementação de programas de recolocação ou a oferta de modelos de trabalho flexível). Em Portugal, os aspetos críticos continuam relacionados com o teletrabalho, a manutenção da produtividade e a procura de soluções que permitam incutir a cultura e valores da empresa neste contexto de distanciamento social.

Colaboração – Os líderes empresariais referem como vital a importância da colaboração dentro das suas organizações, fazendo notar que esta acelerou a tomada de decisões, mitigou o risco e conduziu a mais inovação. A tecnologia foi um facilitador crítico na colaboração organizacional durante toda a pandemia. Apenas 22% dos CXOs globais afirmaram que as suas organizações tinham as tecnologias necessárias para facilitar o trabalho remoto antes da pandemia; 42% desenvolveram e adotaram estas tecnologias por necessidade, ao longo do ano de 2020. Em Portugal, 80% dos CEO’s considera que a sua organização geriu bem ou muito bem a transição de sistemas/ferramentas para a cloud de modo a suportar o teletrabalho; e 60% dos gestores portugueses considera crítico/ muito crítico o investimento nos próximos 12 meses em tecnologia e sistemas de modo a conseguir suportar o teletrabalho.

Confiança – O C-Level compreende o desafio de construir confiança com os seus principais stakeholders, mas a maioria dos líderes portugueses e líderes globais afirma que a sua organização se destacou na manutenção da segurança dos seus colaboradores e clientes, assim como na motivação dos seus colaboradores. Mais de 2/3 consideram ter conseguido manter os níveis de confiança entre a liderança e os colaboradores e cerca de 60% acredita ter fornecido aos seus colaboradores recursos adequados com vista a promoção do seu bem-estar mental.

Responsabilidade – A maioria dos CXOs reconhece que o mundo dos negócios tem uma responsabilidade que vai além do óbvio; 87% dos líderes globais afirmam ter conseguido equilibrar bem ou muito bem todas as necessidades dos seus stakeholders, e consideram mesmo que as suas organizações poderiam adaptar-se e responder rapidamente a acontecimentos inesperados. Por seu lado, cerca de 60% das organizações portuguesas consideram ter gerido bem ou muito bem o contexto com o objetivo de criar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e diversa, um valor abaixo da avaliação das organizações a nível global. As organizações que demonstram preocupar-se com a construção de um ambiente organizacional mais resiliente tendem a ser consideradas mais autênticas, com níveis relevantes de valorização do talento, suportando a comunidade e mostrando preocupação com os compromissos ambientais e sociais.
 

Achou esta informação útil?