IRGA 28ª Edição

Artigo

Editorial

Manuel Alves Monteiro, Presidente do Júri do IRG Awards 2017

30ª Edição

O financiamento da economia portuguesa é um dos grandes desafios que temos pela frente. Em boa verdade, nunca deixou de o ser. As nacionalizações de 75 destruíram o pouco que, desde o início dos anos sessenta, vinha sendo feito em matéria de criação de grupos económicos nacionais com alguma expressão, capazes de serem motores de um novo modelo de desenvolvimento.

A grupos económicos demasiado endividados, a baixos hábitos de poupança, a políticas erráticas e demasiado imediatistas, a índices de corrupção elevados e a uma enraizada cultura que favorece a distribuição de riqueza antes da sua criação e acumulação, juntou-se, nos anos mais recentes, a constatação da existência de um setor bancário frágil, incapaz de assegurar condições para ser um motor do financiamento da economia.

Desde inícios da década de 80, vimos discutindo entre nós que caminhos devemos traçar para alterar as causas dos males, já exaustivamente diagnosticados. O mercado de capitais tem sido tradicionalmente apontado como sendo um caminho, quando não “o” caminho. As virtudes do mercado de capitais no financiamento da economia estão sobejamente estudadas e profusamente disseminadas. A correlação (positiva, fortemente positiva!) que existe entre o estádio de desenvolvimentos dos mercados de capitais das diferentes economias e os indicadores que tradicionalmente medem os respetivos desempenhos, não deixa dúvidas.

E então, cabe perguntar por que razão ao fim de tantos anos, e mesmo com um setor bancário mais fragilizado, o mercado de capitais não assume um papel mais ativo no financiamento do tecido empresarial. Sabemos que uma “cultura de mercado” tem de ter um peso forte, devendo acrescer  uma cultura de risco, a procura de estruturas de capitais equilibradas e sustentáveis, as boas práticas de governo empresarial, uma forte regulação, um quadro legal e fiscal estável e adequado.

Os IRGA – Investor Relations & Governance Awards têm sido uma referência na promoção de uma cultura de mercado, na divulgação dos princípios em que deve assentar a atuação dos profissionais que nele operam e nas virtudes que encerra enquanto meio saudável de financiamento da economia. Rigor, transparência, boas práticas de supervisão, fiscalização e gestão são as pedras de toque de um conjunto de prémios que pretendem distinguir os comportamentos e as práticas de excelência nas empresas.

Na sua 30ª edição, os IRGA assumem-se como uma iniciativa de referência, com uma longevidade inusual (provavelmente, impar no género e no nosso meio). Por esse facto, a entidade organizadora, a Deloitte, merece uma palavra de apreço pelo trabalho até aqui realizado em prol da difusão de práticas de Excelência, e de estímulo, para que continue nesta missão de promover, influenciar, convencer…

"O IRGA tem sido uma referência na promoção de uma cultura de mercado, na divulgação dos princípios em que deve assentar a atuação dos profissionais que nele operam e nas virtudes que encerra enquanto meio saudável de financiamento da economia.” 

Manuel Alves Monteiro, Presidente do Júri do IRG Awards 2017

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