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Pesquisa

As Tendências de Mineração 2023

O papel indispensável da mineração e dos metais

Estudo global da Deloitte destaca 10 tendências para o setor nos próximos meses

Os produtos da indústria de mineração e metais apoiam e alimentam muitos setores globalmente, desde infraestrutura civil, transporte, tecnologia e até agricultura. À medida que a transição energética se acelera, a demanda por metais e minerais crescerá. O setor está bem posicionado para influenciar positivamente o desenvolvimento social, ambiental e econômico, criando um ecossistema saudável e regenerativo, incluindo pessoas, planeta e indústria.

Este ano, rastreando as oportunidades, a Deloitte destaca 10 tendências que mostram o valor indispensável que o setor pode oferecer. Nossos profissionais especialistas compartilham seus conhecimentos, percepções e exemplos de como as organizações de mineração e metais podem não apenas obter uma vantagem competitiva, mas também fazer uma diferença positiva no mundo.

Veja abaixo as 10 tendências do relatório e um resumo da visão Brasil de cada uma delas. 

As Tendências de Mineração 2023

Valorização da natureza: gerando uma vantagem estratégica por meio do capital natural

As empresas de mineração devem trabalhar para integrar as metas ambientais, sociais e de governança (ESG) em estratégias, operações e avaliações de projetos.

Visão Brasil

Se torna cada vez mais crucial considerar mais os conceitos de ESG nos valuations e atividades core das empresas do setor de forma sistêmica, como relacionamento com a natureza e as comunidades.

Alguns importantes players no Brasil têm se destacado nessa tendência, construindo interações sustentáveis com a natureza de forma significativa, por exemplo, com milhões de árvores na área da sua fábrica, ajudando a reduzir as emissões fugitivas e a poluição sonora, enquanto amortece os efeitos térmicos da operação.

Neste contexto, a boa relação com as comunidades se torna ainda mais preponderante, em especial no Brasil pela questão dos conflitos entre garimpeiros ilegais e indígenas acabarem prejudicando a reputação do setor, mesmo que as empresas em si não estejam envolvidas.

Circularidade consciente: o papel da mineração em uma economia circular

A adoção de princípios circulares pode ajudar as empresas a gerar vantagem competitiva por meio de custos mais baixos, menos restrições regulatórias, melhores pontuações ESG e garantia de uma licença social para operar.

Visão Brasil

Como provedores de matérias-primas, mineradoras e siderúrgicas estão bem-posicionadas para terem papel preponderante no movimento em prol da economia circular, produzindo menor impacto nas pessoas e nos planetas, indo além da descarbonização e gerenciamento de resíduos por motivos de regulação ou responsabilidade, mas pensando também na geração de valor.

Em uma economia circular, o sistema é otimizado para evitar “vazamentos de valor” ou transformá-los em receitas. A retenção de valor também é um exercício de prevenção de custos.

Neste contexto, podemos citar que uma mineradora no País está usando escória de ferroníquel em obras de ampliação de rodovias, de forma que resíduos de uma indústria são utilizados como insumo reciclado em outra indústria.

Reduzindo o carbono incorporado em metais: apoiando a descarbonização das economias

A descarbonização da cadeia de valor é um dos maiores desafios que o setor enfrenta. Muitas organizações de mineração e metais estão formando parcerias com empresas downstream para desenvolver e acelerar tecnologias limpas revolucionárias.

Visão Brasil

Em todo o setor, os esforços estão avançados para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos escopos 1 e 2. Uma pesquisa da University of British Columbia mostrou que 90% das emissões totais globais de mineração e metais se originam da fabricação de ferro e aço. O Escopo 3, ou emissões evitadas produzidas por atividades em toda a cadeia de valor, incluindo fundição e refino, pode constituir até 98% das emissões totais de GEE de uma empresa individual.

Os esforços de descarbonização do Escopo 3 são mais recentes. Parte desse atraso pode ser atribuído ao tempo necessário para que as empresas mapeiem suas complexas cadeias de suprimentos e trabalhem com alianças para alinhar seu pensamento. Neste sentido, a descarbonização da cadeia de valor é um dos maiores desafios enfrentados por mineradoras e produtores de metais.

O setor siderúrgico ainda é altamente dependente do carvão para atender a 75% de sua demanda de energia e, como o carvão metalúrgico também é o principal agente redutor usado durante a siderurgia, sua substituição é complexa. Mas como o setor é concentrado, existe uma oportunidade para esforços coordenados. Muitas mineradoras e siderúrgicas estão formando colaborações para apoiar ou participar ativamente de iniciativas de pesquisa e desenvolvimento com empresas downstream, em uma tentativa de desenvolver e acelerar tecnologias limpas revolucionárias (Cleantech).

Uma das maiores mineradoras do País está buscando o desenvolvimento de tecnologias limpas para reduzir suas emissões de Escopo 3 geradas por meio do transporte marítimo (a empresa contrata navios de terceiros para transportar seu minério). Em julho de 2021, a empresa anunciou a instalação da tecnologia de lubrificação a ar no Sea Victoria, um transportador de minério muito grande (VLOC) Guaibamax com capacidade para 325 mil toneladas.

Outro movimento percebido no Brasil por diferentes mineradoras ou siderúrgicas é em prol de autogeração de eletricidade e, ao fazer este movimento, buscam investir em energia renováveis. Desta maneira, contribuem para redução de emissões de escopo 2, além de obterem outros benefícios como segurança no fornecimento de energia e redução de encargos setoriais.

Colabore, incube, acelere: acelerando a inovação bem-sucedida para maior valor

Empresas de todos os tipos podem colaborar para enfrentar problemas, como a descarbonização, que transcendem a capacidade de qualquer organização.

Visão Brasil

Inovação, apesar de não ser uma nova tendência, continua sendo um imperativo. A inovação tecnológica pode reduzir os custos, perigos e impactos ambientais associados à mineração de depósitos cada vez mais profundos, ajudando a garantir que as operações permaneçam lucrativas e sustentáveis ao longo do tempo.

Pesquisa da Deloitte mostrou que, ao longo dos anos, os esforços colaborativos foram mais bem-sucedidos no desenvolvimento de inovações revolucionárias do que indivíduos ou organizações trabalhando isoladamente. Como parte do relatório, a Deloitte realizou uma revisão de mais de 200 das inovações mais importantes ao longo de um período de 600 anos (de 1400 a 2010). Os resultados mostraram que 85 foram desenvolvidos por meio de uma equipe pequena e coordenada dentro de uma organização, enquanto 122 evoluíram por meio de processos coletivos e distribuídos, com muitos grupos trabalhando no mesmo problema.

Ainda em inovação, cabe destacar que Venture Capital é a nova fronteira, e este tema também vem sendo trabalhado pelos principais atores no setor no mundo. Cabe destacar que mineradoras e siderúrgicas no Brasil criaram fundos de Venture Capital visando ampliar a colaboração com as startups, que trazem proposições relacionadas a ambições de longo prazo das corporações. As empresas podem incubar soluções tecnológicas e escalar internamente.

 

Cadeias resilientes: garantindo suprimentos futuros de metais e minerais

Ao dar uma nova olhada no risco e fortalecer suas próprias cadeias de suprimentos, as empresas do segmento podem ajudar a proteger os suprimentos globais de matérias-primas, apoiar outras indústrias importantes e permitir o progresso social contínuo.

Visão Brasil

No mundo interconectado de hoje, as organizações de mineração e metais dependem de suas cadeias para muitas coisas, desde peças e suprimentos que permitem sua produção e infraestrutura de processamento até os serviços necessários para executar suas operações diárias.

Essa interdependência crítica torna a segurança da cadeia de suprimentos um imperativo para esses negócios globalmente conectados. É esperado que o grau de interrupção que as cadeias de suprimentos experimentaram nos últimos três anos continue, se não piore. Portanto, a importância de Avaliações Eficazes de Gerenciamento de Riscos de Terceiros (TPRM, na sigla em inglês) é mais crítica agora do que nunca. Considerando as maiores complexidades introduzidas pelas mudanças nas expectativas da sociedade e na interconectividade global, as avaliações TPRM verdadeiramente eficazes precisarão levar em consideração fatores de riscos estratégicos mais amplos associados à realização de negócios com terceiros, como impactos potenciais na marca/reputação da empresa, bem como ameaças cibernéticas.

No Brasil, mineradoras e siderúrgicas vêm gradativamente investindo em autoprodução que, entre outros benefícios, como suportar o atingimento de metas de redução de emissões, aumenta a segurança de suas operações ao ficar menos dependente de energia no grid. Vale lembrar que recentemente passamos por risco de racionamento de energia, o que já tivemos em 2001, e na Europa a indústria correu riscos de fornecimento de energia com a guerra da Rússia e Ucrânia.

Tornar a mudança mais holística: usando o pensamento sistêmico para impulsionar a excelência operacional de nível superior

Em um mundo global complexo, o pensamento sistêmico pode ajudar as empresas de mineração a ver o panorama geral e entender as disrupções em nível macro – como as mudanças climáticas –, ao mesmo tempo em que mostra como transformações em nível micro em empresas ou operações podem contribuir para melhorias em larga escala.

Visão Brasil

Oferecer um desempenho operacional de alto nível requer uma abordagem nova, mais integrada e dinâmica, que considere o impacto de novas fontes de energia, métodos de extração e processos de forma holística em todos os sistemas e funções dentro e fora da empresa. É aqui que o pensamento sistêmico, o design e a modelagem podem agregar valor.

O pensamento sistêmico envolve a compreensão e a caracterização de um sistema inteiro (incluindo os sistemas menores dentro dele), examinando as ligações e interações entre seus diferentes elementos. Na prática, estimula a exploração das inter-relações (contexto e conexões) e das perspectivas de cada ator, bem como dos limites. O pensamento sistêmico é considerado crítico por lidar com a complexidade econômica que o mundo enfrenta no próximas décadas.

A digitalização das minas e digital twin, por exemplo, podem fazer parte do processo de uso de pensamento sistêmico para suportar a identificação de oportunidades de melhorias em processos e métodos utilizados nas operações das minas e usinas, contribuindo para desbloquear novas fontes de valor para as organizações. No Brasil, diferentes mineradoras e siderúrgicas vêm investindo em digital twin para otimizar seus processos fabris.

Repensar os caminhos de talentos externos: resolvendo desafios complexos da força de trabalho por meio de soluções colaborativas

Reunir os interessados em várias partes do ecossistema de mineração e metais, desde a governança até entidades educacionais e órgãos privados, pode ajudar a moldar uma solução multifacetada para o fornecimento de talentos e ter impactos sustentáveis de longo prazo na força de trabalho.

Visão Brasil

Globalmente, vemos equipes de liderança trabalhando para equilibrar a escassez de mão de obra com demandas crescentes. Também existem requisitos para atrair e reter os talentos e habilidades apropriados, obter diversidade de talentos, equidade e inclusão no local de trabalho e moldar e incorporar a sustentabilidade ao DNA organizacional.

Muitos trabalhadores se aposentarão na próxima década, e a necessidade de requalificação – tendo em vista as indústrias mineral e siderúrgica estarem se tornando mais digitalizadas e caminhando para a transição energética – aumentam os desafios na área de talentos. No Brasil, podemos acrescentar os possíveis impactos negativos que desastres ambientais recentes tiveram na atratividade de novos talentos para mineração. É importante as empresas pensem em novas formas de prospectar, requalificar e reter talentos.

Algumas mineradoras no Brasil estão apostando na prioridade para mão de obra local para grandes contratações, e em parcerias com organizações regionais, que ficam próximas aos empreendimentos, para qualificação. Outras mineradoras no País vêm trabalhando equidade ao abrirem vagas especificamente para mulheres, ou programas de estágio para mulheres na mineração.

Segurança em camadas para maior sustentabilidade: tornando a saúde e a segurança da força de trabalho adequadas para o futuro

Quando as empresas podem fornecer segurança física e psicológica, podem ocorrer melhorias na produção, inovação bem-sucedida e fornecimento de talentos.

Visão Brasil

Em todo o mundo, empresas de mineração e metais fizeram avanços significativos na melhoria da segurança física em suas operações nos últimos 20 anos, e isso é evidente nas taxas cada vez menores de mortes e lesões graves.

Esse progresso pode ser parcialmente atribuído à proliferação de tecnologias de mineração automatizadas e digitais, que agora sustentam a produção em quase todas as operações. As melhorias se devem principalmente à maneira como a segurança física foi incorporada à cultura do local de trabalho; hoje é a principal preocupação desses locais. 

Apesar de globalmente termos tido melhorias em segurança físicas, no Brasil tivemos grandes acidentes em um passado recente. Estes fatos reforçaram a importância de incorporar a cultura de segurança no modus operandi das empresas, que vêm investindo em tecnologias para aumentar a segurança dos profissionais, preservando o meio ambiente.

Por exemplo, mineradoras e siderúrgicas vêm investindo no Brasil em Safety Analitycs, que utilizam diversos dados para alertar riscos iminentes em diferentes áreas da empresa e/ou para as pessoas. Algumas destas tecnologias monitoram se profissionais estão usando EPIs em áreas de risco ou se equipamentos se encontram estacionados em locais indevidos. Além do Safety Analytics, tecnologias de computer vision já são uma realidade em várias minas, onde por meio de câmeras é possível identificar fatores críticos de segurança, desde presença humana em local inapropriado até desgaste de peças e equipamentos críticos. Outra iniciativa relacionada tanto à segurança dos profissionais quanto ao cuidado com o meio ambiente, é algumas mineradoras terem tornado público o status de descaracterização de suas barragens.

Transparência e confiança: usando relatórios de impostos e contribuições econômicas para mudar a percepção da mineração

Relatórios de transparência voluntários demonstram valor além da conformidade. Isso é vital para mudar as percepções, às vezes, negativas das empresas de mineração e metais, principalmente com as comunidades locais.

Visão Brasil

Quando se trata de transparência, a indústria de mineração e metais tem um forte histórico de declarar publicamente seus impostos e outras contribuições econômicas aos cofres do governo. Recentemente, a transparência dos impostos pagos pela indústria e os relatórios de sustentabilidade se tornaram fortemente relacionados, se tornando uma parte intrínseca da agenda de ESG.

A principal organização que representa a mineração no Brasil, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), divulga trimestralmente a arrecadação de impostos do setor e Compensação Financeira pela Exploração Mineral – CFEM, o que contribui para transparência e construção de confiança com os atores/sociedade.

Entretanto, a construção da confiança com os stakeholders vai além da transparência dos impostos e contribuições pagas, mas passa também pela comunicação dos benefícios que a sociedade tem dos projetos ao longo do ciclo de vida. Neste sentido, no Brasil é possível notar que os relatórios e informações de sustentabilidade têm se tornado mais completos e recorrentes nos últimos anos. Para a construção da confiança e a licença social para operar, é cada vez mais importante que a sociedade tome conhecimento de forma clara e transparente das ações das mineradoras e siderúrgicas que beneficiam a economia e as pessoas, e de forma voluntária.

O poder da nuvem: construindo uma indústria que prospera por meio da mudança

A computação em nuvem pode ajudar as empresas de mineração e metais a acelerar a inovação tecnológica em tempos de rupturas.

Visão Brasil

Como parte do relatório de 2021, “O imperativo da nuvem: a oportunidade imperdível da Ásia-Pacífico”, a Deloitte da Austrália pesquisou 600 empresas em 18 setores na região para desenvolver um mapa de disrupção. Isso revelou que as empresas que operam na mineração estão entre aquelas que enfrentarão o nível mais significativo de disrupção no futuro, com mudanças provenientes de forças externas (por exemplo, pressões ambientais, flutuações de preços de commodities e interrupções na cadeia de suprimentos) e ameaças internas (por exemplo, escassez de habilidades, uso de tecnologia ou concorrência).

Essa pesquisa identificou que as empresas de mineração e metais, embora expostas a esse duplo nível de disrupção, também estão entre as menos preparadas para responder e se adaptar às mudanças.

Vale destacar que a computação em nuvem serve como um facilitador em tempos de disrupção e apoiou a criação de valor em vários setores na última década. A nuvem envolve o uso de uma rede de servidores remotos acessíveis pela internet para armazenar, gerenciar e processar dados (em oposição a servidores locais ou computadores pessoais). É comumente usado para fornecer ferramentas e serviços, como bancos de dados, rede, software, análise e inteligência sob demanda.

A capacidade de implantar e dimensionar rapidamente os recursos para cima ou para baixo é uma grande vantagem para as empresas. A nuvem permite que as menores empresas acessem as mesmas ferramentas e serviços que as grandes organizações. Entretanto, o nível de adoção e maturidade de cloud nas mineradoras e siderúrgicas varia. No Brasil, por exemplo, alguns atores centrais da indústria já começaram sua jornada em cloud anos atrás.

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