Análise

Planejamento orçamentário sustentável, uma vantagem competitiva

Por Renata Muramoto, sócia-líder de Consultoria Empresarial da Deloitte; Fernando Fujihara, sócio de Consultoria da prática de Enterprise Technology & Performance da Deloitte; Cláudio Paixão, sócio de Consultoria da prática de Finance & Enterprise Performance da Deloitte; e José Augusto Bechara, diretor de Consultoria da prática de Finance & Enterprise Performance da Deloitte

O planejamento orçamentário é, para as organizações, a melhor maneira de antecipar condições do mercado, oportunidades e potenciais riscos. A busca dessa visão holística é uma das premissas para alcançar resultados positivos, mas aplicar esse plano para o mundo real pode ser extremamente difícil. 

Um dos desafios é o tempo gasto na elaboração de um planejamento com muita granularidade de informação, a fim de alcançar uma maior acuracidade.

Outro desafio é como incluir as questões ambientais, sociais e de governança (ESG), que cada vez mais não são vistas apenas como riscos materiais, mas também como oportunidades que melhoram o resultado final de uma empresa. Ao longo dos últimos anos, o aumento da atenção do público para formas sustentáveis de fazer negócios, as finanças sustentáveis, estão surgindo como uma fonte de vantagem competitiva.  Apesar disso, segundo segunda edição da pesquisa sobre planejamento orçamentário “Deloitte Global PBF Survey 2021”, mais de um quarto (26%) dos responsáveis não se julgam preparados para administrar finanças mais sustentáveis e seus impactos, e também não têm uma equipe específica para lidar com assuntos relacionados à ESG.

Descasamento de dados

Com a velocidade e demanda de novas informações de mercado, o planejamento que assume como verdades as informações do passado fica obsoleto cada vez mais rápido. Ainda há muitas organizações que executam um planejamento financeiro lento, passível de erros e sem visibilidade de informações válidas para auxiliar na tomada de decisões.

Destacamos, a seguir, outros quatro pontos que impactam o planejamento orçamentário:

1. Duração da execução do planejamento orçamentário

Em comparação com a pesquisa que realizamos em anos anteriores, estamos vendo um aumento no tempo necessário para concluir o processo orçamentário. Embora 57% dos entrevistados se digam capazes de completar o orçamento dentro de três meses, apenas 5% podem concluir em um mês. Além disso, mais organizações estão tomando de quatro a nove meses para concluir o orçamento na última pesquisa realizada.

2. Responsabilidade na execução do orçamento

O planejamento orçamentário é liderado principalmente pelas equipes de FP&A, representando aproximadamente 70% dos entrevistados, enquanto apenas 30% elaboram o orçamento de forma colaborativa (FP&A em conjunto com as unidades de negócios).

3. Acuracidade na informação

Há uma percepção de que mais granularidade resulta em maior precisão. No geral, 53% dos entrevistados estão preparando o orçamento com o menor nível do plano de contas, entre os quais 84% consideram a granularidade do processo orçamentário como “razoável".

4. Uso de tecnologia e analytics

A maioria das organizações desenvolveu alguma automatização no processo, mas ainda não estão totalmente incorporadas: 16% entrevistados não tinham processos automáticos em relação às informações gerenciais. No geral, a maioria dos entrevistados utilizam planilhas eletrônicas para elaborar e gerenciar o orçamento, com uma combinação de relatórios automatizados e base de dados manuais.

Abordagem do futuro

O Planejamento Financeiro Sustentável oferece uma abordagem diferente: unificar pessoas, processos e informações em uma única plataforma. Com o Planejamento Financeiro Sustentável, os planejadores financeiros e toda a organização trabalham de novas maneiras, usando tecnologia para acessar simultaneamente dados mais recentes da empresa e do mercado. E quando as premissas ou requisitos mudam, essas mudanças fluem automaticamente por toda a empresa, para que as pessoas possam responder de acordo e tomar decisões mais rápidas e mais bem assertivas.

Em sua essência, o Planejamento Financeiro Sustentável oferece cinco benefícios principais que podem aumentar a agilidade organizacional e, em última análise, a lucratividade: acuracidade, velocidade, transparência, alinhamento e eficiência.

Tecnologia e insights humanos

O Planejamento Financeiro Sustentável combina avanços digitais com insights humanos para tomar as melhores decisões financeiras e operacionais possíveis.

Com tantas cartas em jogo, de métricas individuais a políticas organizacionais e resistência a mudanças, o planejamento financeiro raramente é um exercício simples. Mas novas ferramentas e abordagens tornaram muito mais fácil para as organizações coletar, analisar e compartilhar informações em tempo real, eliminando grande parte das dificuldades do processo. Por meio de uma melhor integração, o Planejamento Financeiro Sustentável pode dar outro salto, desta vez, oferecendo aos executivos uma visão corporativa e conectada de questões complexas que afetam o desempenho dos negócios.

Por mais conectiva que a tecnologia possa ser, ajustar as funções financeiras para reduzir o gap de geração de valor agregado custará investimento financeiro e humano. É inviável fazer essa jornada sem escolher o que e quando mudar – por isso, é necessário ter um norte definido, lembrando que as mudanças efetivas ocorrem em etapas bem estruturadas, sequenciadas e gerenciadas.

Por onde começar?

A parte mais difícil desse processo pode ser decidir por onde começar. Embora cada empresa tenha necessidades únicas, deve se considerar cinco etapas principais à medida que trabalha no processo:

  1. Defina a visão futura do processo de planejamento e pense em maneiras de melhorar como é feito hoje. 
  2. Crie um roteiro e defina uma estratégia para realizar seus objetivos.
  3. Construa um piloto e impulsione a adoção do novo processo de planejamento.
  4. Acompanhe o impacto do piloto e pense como replicar os resultados.
  5. Promova a adoção por toda a organização, não fazendo disso apenas uma mudança da área de finanças.

Transformar a área de finanças permitirá transformar o negócio de maneira mais controlada e potencialmente menos arriscada, sem exigir que o restante da empresa participe imediatamente da jornada. É uma abordagem ininterrupta da transformação digital. 

O foco deve ser em soluções que possam levar o negócio mais longe em um menor período. Esse processo trata de acelerar ao máximo o trabalho inicial, para que seja possível obter a mesma quantidade de valor de meses anteriores.

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