Análise

Otimização do planejamento financeiro por meio de dados e tecnologia

Cultura de inovação trará dinamismo e agilidade às tomadas de decisão das cooperativas de agronegócio

Por Adilson Martins, líder da frente de Cooperativismo da Deloitte; Claudio Paixão, sócio de Consultoria Empresarial da Deloitte com foco em Finance & Performance; José Augusto Bechara, diretor de Consultoria Empresarial da Deloitte especialista em custos e planejamento

Nunca foi tarefa fácil fazer o planejamento orçamentário e as projeções de uma empresa. No entanto, momentos de incertezas, como o que estamos vivendo agora, tornam esses procedimentos ainda mais complexos.

Como não deixar esses desafios em relação ao futuro atrasarem ou enfraquecerem o processo de tomada de decisão? Como implementar mais dinamismo para acompanhar o ritmo dos negócios?

No caso de cooperativas ligadas ao agro, há muitos caminhos – um deles certamente passa pela tecnologia. Isso porque a raiz do problema muitas vezes está no fato de as empresas ainda terem processos significativamente manuais, além do tempo excessivo que equipes da área financeira investem na coleta de dados e produção de relatórios.

Uma pesquisa global da Deloitte revelou que 42% dos entrevistados levavam de dois a três meses para concluir um orçamento e 32% demoravam de quatro a seis meses, o que faz com que o cenário no qual as decisões foram tomadas já esteja desatualizado no momento de aprovação do orçamento.

Esse período de tempo crucial poderia ser reduzido, inclusive com resultados otimizados, se esse trabalho feito manualmente fosse substituído por soluções tecnológicas de ponta. São ferramentas que focam na análise de dados e interpretação de cenários e, com isso, aperfeiçoam processos de planejamento financeiro. O resultado se reflete em uma maior assertividade da tomada de decisão e, consequentemente, no aumento da geração de valor.

Ao analisarmos o dia a dia das cooperativas, encontramos problemas ligados ao fato de que a maioria das empresas ainda trabalha de maneira tradicional no que diz respeito a ciclos financeiros. Um exemplo é o uso de planilhas eletrônicas simples no planejamento financeiro – o que pode resultar em erros de fórmulas e problemas com consolidações.

O relatório “Global planning, budgeting and forecasting survey” indicou que planilhas ainda dominam os processos de planejamento, orçamento e previsões. Mas, segundo o estudo, seu uso está diminuindo: “O uso crescente de planejamento de cenários e relatórios em tempo real estão impulsionando a adoção de tecnologias mais sofisticadas.”
 

Soluções de ponta a ponta

No entanto, se os problemas são muitos, as opções de soluções também são inúmeras – e todas elas são permeadas por inovações digitais, envolvendo setores diversos, como financeiro e governança, em processos que precisam caminhar em paralelo.

Antes de falarmos das soluções tecnológicas em si, vale lembrar que as mudanças são mais efetivas quando há a implementação de uma cultura colaborativa, que estimule a inovação e um modo de operação semelhante ao das startups – com mais dinamismo e agilidade no processo de tomada de decisões.

Por exemplo, muitas empresas ainda veem a execução orçamentária como uma responsabilidade apenas da área de finanças. No entanto, essa é uma tarefa a ser executada de uma maneira colaborativa entre diferentes setores. O agro e suas cooperativas podem sair na frente nessa questão, com democratização de dados e de acesso.

Já em termos de novas tecnologias, uma das soluções mais efetivas é implementar uma abordagem “data driven”, com profissionais orientados a tomar decisões com base em dados. Toda a mentalidade da empresa precisa estar voltada para o uso de dados. Com um volume maior de informações – inclusive em tempo real –, é possível aprimorar o planejamento financeiro e impulsionar o desempenho das cooperativas.

Para se avançar nessa coleta de dados, há tecnologias que podem ser decisivas, tais como automação, o uso de nuvem, análises, algoritmos e softwares que fazem a orquestração orçamentária. São inovações que obtêm um maior detalhamento das informações e consolidam esses dados para projetar cenários mais precisos. Além disso, são ferramentas que podem pavimentar o caminho para o uso de soluções de inteligência artificial.

O relatório “Crunch Time Series - Finance 2025 Revisited” mostra como o uso da tecnologia deve ter, nos próximos anos, um papel crucial para ajudar a área de finanças ao planejar e executar orçamentos de maneira mais eficiente, ao mesmo tempo que lida melhor com as incertezas externas e com o fato de que as informações agora são coletadas em tempo real.

A análise prevê que “dados padronizados e de alta qualidade se tornarão ainda mais importantes, pois são a base para insights de negócios, automação e operações remotas”.

Já outro estudo da Deloitte, mostra como a tecnologia permite a avaliação em tempo real de milhares de possibilidades, o que ajuda a derrubar barreiras que atrasam a tomada de decisões.

Finalizamos com as implicações para 2025 trazidas pelo Crunch Time: “Pense nos dados da sua empresa como um ativo e invista tempo e recursos para aprimorá-los.” Para levar seu planejamento financeiro a patamares mais altos e alavancar a tomada de decisões ágeis, é preciso realizar uma transformação digital na qual a área de finanças seja protagonista.

 

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