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Tendências Governamentais 2023

Derrubando muros para oferecer soluções

A era de descontinuidade em que vivemos tem feito com que a mudança aconteça a todo o momento e em todos os lugares – inclusive em todos os níveis de governo. Os muros estão caindo: tanto no pensamento quanto na prática, dentro e fora dos prédios públicos.

Os governos estão mudando suas estruturas. O que antes eram hierarquias, hoje são redes pensadas para permitir a colaboração intragovernamental e nutrir ecossistemas público-privados colaborativos para alcançar resultados compartilhados. Convidamos você a explorar nove tendências transformacionais que ilustram o setor o público “derrubando muros” para aproveitar o conhecimento compartilhado e os pontos fortes exclusivos para gerar soluções.

Tendências Governamentais 2023

Modelos fluidos de força de trabalho

Para enfrentar as mudanças nas preferências dos cidadãos, necessidades dos funcionários e escassez de talentos, os governos estão explorando novos modelos de força de trabalho e priorizando a flexibilidade. Cada vez mais, as agências governamentais têm adotado:

  • Modelos flexíveis para mobilizar habilidades diante da escassez de talentos, especialmente em áreas como segurança cibernética, inteligência artificial (IA), ciência de dados e adaptação às mudanças climática;
  • Dar os primeiros passos em direção a uma abordagem que coloca as habilidades no centro, em vez de empregos tradicionais (com descrições e requisitos específicos);
  • Adaptar as práticas de gestão de talentos para melhor apoiar o trabalho híbrido e a grande demanda por flexibilidade;
  • Foco na colaboração como uma competência central da força de trabalho e prioridade da missão.

O resultado é o esboço de uma força de trabalho do setor público para o futuro: móvel, flexível, baseada em habilidades e colaborativa.

Preenchendo o abismo do compartilhamento de dados

Nos últimos anos, não só empresas como setores inteiros passaram a basear seus modelos de negócios e propostas de valor no uso eficaz de informações, isto é, na análise de dados, para atender às crescentes expectativas dos clientes e obter uma vantagem competitiva.

  • Há um aumento no compartilhamento de dados entre agências e governo para melhorar a eficiência operacional e a tomada de decisões;
  • O compartilhamento mais amplo de dados com o setor privado está criando valor comercial e beneficiando o interesse público;
  • Os apelos por maior privacidade e segurança dos dados estão sendo cada vez mais atendidos nos círculos governamentais.

Financiamento para projetos do governo

Os governos há muito reconhecem a necessidade de quebrar as barreiras de financiamento para alcançar melhores resultados. E, embora os esforços possam estar em estágios diferentes, um número crescente de jurisdições vem tentando superar as barreiras que impedem o progresso nos principais itens da agenda, desde a mudança para um modelo de prestação de serviços centrado no cidadão orientado em torno de eventos da vida até a abordagem cumulativa do governo. Abaixo, algumas movimentações do setor:

  • Iniciativas de financiamento mais focadas em questões utilizadas para lidar com problemas graves;
  • Surgimento de novos modelos de governança para supervisionar programas de financiamento compartilhado;
  • Aumento dos mecanismos de financiamento interagências para enfrentar os desafios comuns entre as agências;
  • Maior autoridade de financiamento delegada aos governos locais/regionais.

Serviços públicos sob medida

A tecnologia digital está permitindo maior personalização por parte do governo. Esses serviços personalizados podem ser mais eficazes e equitativos.

Onde quer que sejam utilizados, os serviços personalizados devem respeitar a privacidade de quem os recebe.

  • Entre os governos e os indivíduos a quem atendem: serviços personalizados podem ajudar a garantir o acesso equitativo a serviços vitais, eliminando as barreiras burocráticas entre o governo e os cidadãos;
  • Entre várias agências governamentais e dados críticos sobre indivíduos: as necessidades dos indivíduos muitas vezes cruzam as fronteiras burocráticas. As agências governamentais, quando compartilham informações apropriadamente sobre as pessoas que atendem, podem adaptar seus esforços para garantir que “não haja portas erradas” para quem procura atendimento. O compartilhamento de dados pode permitir uma abordagem que atenda às diversas necessidades dos clientes.

Inovações de back-office melhorando o desempenho da missão

As funções e processos administrativos do governo estão indo além das automações e da eficiência interna.

Essas mudanças podem ser desafiadoras, mas ao trabalhar com os parceiros certos e manter os resultados da missão em mente, o governo pode incorporar novas ferramentas para ajudar a tornar as operações mais eficientes e as missões mais eficazes.

  • Barreiras entre o back office e o front office: a mentalidade que coloca uma parede entre o front office e o back office não sobreviverá. As agências devem ver os back-offices como fundamentais para alcançar a missão de uma organização;
  • Barreiras entre o legado e as novas tecnologias: vários sistemas legados sustentam os principais serviços do governo e nem todos os sistemas precisam ser substituídos. Uma chave para a inovação de back-office e missão é harmonizar a tecnologia, tanto nova quanto antiga.


 

Regulação que permite a inovação

Para catalisar a inovação, as agências reguladoras do governo podem incentivar o investimento, simplificar a regulamentação e definir padrões para promover as melhores práticas do setor.

  • Inovação versus segurança do consumidor: a segurança dos consumidores não deve prejudicar a inovação. Os reguladores estão implantando diversas ferramentas, como sandboxes e aceleradores, para garantir a segurança do consumidor e, ao mesmo tempo, promover um ambiente propício a novas tecnologias e novos modelos de negócios;
  • Ritmo versus regulamentação eficaz: uma regulamentação eficaz não requer necessariamente anos de elaboração. Instrumentos de soft law podem se adaptar rapidamente a novos modelos de negócios;
  • Entidades regulamentadas versus reguladores: uma lente de experiência do cliente e regulamentações baseadas em risco podem melhorar o relacionamento entre empresas e reguladores.
  • Maior proteção para os consumidores versus menor exigência regulatória: as agências podem reduzir a burocracia enquanto protegem o consumidor. As tecnologias digitais podem agilizar os processos regulatórios; e os reguladores podem se envolver proativamente com as entidades regulamentadas para desenvolver padrões e diretrizes que protejam os consumidores contra riscos, sem sobrecarregarem desnecessariamente as entidades regulamentadas.
     

Unindo-se para oferecer saúde total

Os governos estão explorando uma abordagem centrada no bem-estar e na prevenção –não apenas no tratamento de doenças.

  • Entre os serviços de saúde: médicos de cuidados primários, especialistas e prestadores de serviços psicológicos e terapêuticos colaboram para colocar os pacientes em primeiro lugar.
  • Em agências governamentais que apoiam a saúde: as agências reconhecem que seu impacto coletivo pode melhorar se houver melhor coordenação de esforços;
  • Entre a saúde e outros setores que apóiam a saúde:  compreender como os fatores sociais, econômicos e ambientais influenciam a saúde pode moldar as expectativas de muitos setores.
  • Entre agências governamentais e o setor privado:  as empresas percebem que contribuir para comunidades saudáveis ​​e investir na força de trabalho em saúde melhora seus resultados financeiros.

Justiça de ponta a ponta

A criação de uma sociedade mais justa exige colaboração e compartilhamento de recursos em todo o sistema de justiça, além de empresas, organizações sem fins lucrativos e comunidades.

  • Compartilhar dados, orçamentos, programas, inteligência e outros recursos entre diferentes componentes do sistema de justiça não apenas reduz erros e redundâncias, mas também aumenta a capacidade das organizações de justiça de cumprir sua missão;
  • A colaboração proativa entre organizações de justiça e outras entidades governamentais reduz o atrito e aumenta a eficiência;
  • As parcerias entre organizações de justiça e entidades não-governamentais, como empresas comerciais, universidades, organizações cívicas e grupos comunitários, tornam o sistema de justiça mais sensível às necessidades públicas e resistente a choques repentinos.

Segurança por rede

A invasão da Ucrânia pela Rússia destacou uma tendência em direção a um mundo mais desagregado e orientado por interesses, com uma ampla gama de organizações dos setores público e privado tomando decisões independentes, cada uma com impacto nos resultados militares e de segurança.

À medida que os governos de todo o mundo lidam com essa tendência, fica cada vez mais claro que é necessária uma maior colaboração com participantes públicos e privados para proteger a segurança nacional. De fato, os líderes estão começando a desenvolver novas abordagens e novas ferramentas para moldar os incentivos dos parceiros comerciais e proteger a segurança pública.

  • As distinções tradicionais entre questões puramente comerciais e de segurança nacional estão se tornando cada vez mais confusas com ações corporativas para deixar países, realocar fábricas ou fornecer/negar serviços com implicações nacionais significativas;
  • A competição estratégica renovada entre as grandes potências está impulsionando uma nova colaboração entre outras nações em questões além da segurança;
  • Cadeias de suprimentos globais e interdependentes também aumentam o risco compartilhado tanto para o governo quanto para as empresas, já que conflitos ou outras interrupções podem causar a paralisação de setores inteiros.
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