Pesquisa

Women @ Work 2023

Pesquisa global aponta os principais desafios das mulheres no mercado de trabalho

Em seu terceiro ano, o estudo algumas melhorias: as taxas de esgotamento caíram, os comportamentos não inclusivos diminuíram e as mulheres estão relatando experiências mais positivas com o trabalho híbrido. No entanto, apesar de alguns avanços, muitas mulheres ainda não estão recebendo o que desejam ou precisam de seus empregadores.

Desde 2021, a pesquisa global da Deloitte "Women @ Work" oferece insights sobre as opiniões das mulheres quando se trata de suas experiências no ambiente de trabalho. O quadro não tem sido positivo: os resultados de 2021 foram dominados pelo impacto negativo da pandemia nas mulheres, enquanto 2022 mostrou uma imagem igualmente preocupante e nítida da crescente exposição a comportamentos não inclusivos, esgotamento e desafios com o trabalho híbrido.

Embora as respostas de 5.000 mulheres em 10 países no relatório deste ano – sendo 500 entrevistadas no Brasil – mostrem alguns vislumbres de melhoria, os dados do estudo enfatizam o longo caminho a ser percorrido. Há uma série de aspectos críticos das experiências das mulheres no local de trabalho que não evoluíram – ou, de certa forma, até pioraram.

A pesquisa desse ano também explora fatores adicionais que impactam a vida das mulheres, que costumam trabalhar com dor e desconforto, assumem a maioria das responsabilidades domésticas e se preocupam com seus direitos e segurança pessoal.

Women @ Work 2023

A perspectiva brasileira

  • Em meio a um lento progresso, a saúde mental das mulheres é ainda deficiente e o estigma permanece: as mulheres brasileiras relatam níveis ligeiramente mais altos de estresse e níveis semelhantes de esgotamento comparados à média global. Brasileiras em grupos minoritários são mais propensas a se sentirem esgotadas ou relatar altos níveis de estresse. Apesar do melhor equilíbrio trabalho/vida e bem-estar mental, as mulheres brasileiras relatam declínios na saúde física e na capacidade de se desligar do trabalho.
  • Quando o assunto é saúde da mulher, muitas sofrem em silêncio: as brasileiras que enfrentam problemas de saúde relacionados à menopausa têm menos probabilidade de trabalhar durante qualquer dor ou sintoma do que a média global (20% globalmente versus 16% no Brasil). Mais da metade das mulheres no Brasil acredita que é importante que as empresas ofereçam licença remunerada para sintomas relacionados a menstruação e menopausa – número semelhante à média global.
  • Fatores fora do local de trabalho também cobram seu preço: as brasileiras citam os direitos das mulheres, saúde física e segurança financeira como suas três principais preocupações. Assim como suas contrapartes globais, as mulheres com parceiros no Brasil assumem a maior parte das tarefas domésticas, como cuidar dos filhos, limpeza da casa etc. Menos de um terço das brasileiras dividem o cuidado dos filhos e apenas 16% das mulheres no Brasil dividem a limpeza e outras tarefas igualmente com o parceiro. Mais de três quartos das mulheres no Brasil dizem que seu parceiro é a principal fonte de renda da casa.
  • As mulheres estão buscando mais flexibilidade e fazendo escolhas de carreira de acordo: em nível global, mais entrevistadas deixaram seus empregos no ano passado do que em 2020 e 2021 juntos. Globalmente, isso representa 18%. No Brasil, 17% das mulheres deixaram o emprego no último ano. As brasileiras com alta flexibilidade sobre quando e onde trabalhar planejam ficar mais tempo com seus empregadores do que aquelas sem esse benefício. Na média global, a flexibilidade é um fator decisivo para as mulheres que deixaram recentemente um empregador e para as mulheres que estão pensando em deixar o emprego atual. No Brasil, remuneração e oportunidades de ascensão são fatores decisivos.
  • O trabalho híbrido está ficando melhor – para alguns: as mulheres que trabalham de forma híbrida no Brasil estão relatando menos exclusão, mas piores experiências, em geral, do que no ano passado. Quase 40% das mulheres ainda dizem que não têm exposição suficiente aos líderes e quase metade diz que se sente excluída. Em relação à pesquisa do ano passado, mais mulheres no Brasil que trabalham em ambientes híbridos relatam falta de previsibilidade e flexibilidade, bem como uma falta de clareza sobre as expectativas do seu empregador.
  • Comportamentos não inclusivos permanecem: semelhante à média global, as mulheres no Brasil tiveram menos comportamentos inclusivos em 2023 do que em 2022. O comportamento mais relatado é ter outra pessoa levando o crédito por suas ideias. As mulheres pertencentes a grupos étnicos minoritários no Brasil eram mais propensas a experimentar esse comportamento comparado às médias global e de brasileiras no total. Entre as mulheres no Brasil que optaram por não relatar essas experiências a seus empregadores, 45% dizem não sentir que o comportamento foi grave o suficiente para relatar.
  • Os entrevistados dizem que as organizações estão ficando para trás em seus compromissos com a igualdade de gênero: a maioria das mulheres no Brasil sente que sua organização não está dando passos concretos para cumprir seu compromisso com a diversidade de gênero. Mais da metade diz que o compromisso da organização em apoiar as mulheres não aumentou no ano passado. Pouco mais de um terço das mulheres no Brasil não recomendariam sua organização como um ótimo lugar para trabalhar, e quase 60% dizem que sua organização não assume uma posição sobre questões políticas e sociais que são importantes para elas.
  • Os líderes de igualdade de gênero estão se beneficiando de fazer isso direito: a pesquisa identificou um grupo de “líderes pela igualdade de gênero”, organizações que, segundo as mulheres entrevistadas, criaram culturas inclusivas que apoiam suas carreiras e promovem o equilíbrio trabalho/vida e a inclusão. A proporção de mulheres trabalhando para essas empresas é de 5%, na média global, e 3% no Brasil. Além disso, identificamos um grupo de organizações “atrasadas”. As mulheres que trabalham nessas empresas indicam uma cultura menos inclusiva e de baixa confiança. Este ano, 24% das entrevistadas globais e 26% das entrevistadas brasileiras trabalham para essas organizações atrasadas. 
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