Análise

Prevenção de óbitos por doenças cardiovasculares na América Latina

Para reduzir taxas de mortalidade e comorbidade por DCV,  países da América Latina precisam mudar comportamentos de pacientes, profissionais e implementadores de políticas e diretrizes de saúde

Doenças cardiovasculares (DCV) são a causa número um de mortes no planeta. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 17,9 milhões de pessoas morreram de doenças relativas à saúde do coração e dos vasos sanguíneos em 2019 – o que representa 1/3 dos óbitos naquele ano. Especialistas preveem que a sobrecarga global da doença crescerá exponencialmente nos próximos anos, reflexo dos efeitos de longo prazo da Covid-19 e de estilos de vida pouco saudáveis adotados durante a pandemia.

Embora mais comuns em pessoas com mais de 50 anos, as patologias cardiovasculares podem acometer indivíduos de todas as idades. Na maioria das vezes, se dão em razão de uma vida de excessos e hábitos pouco saudáveis – tabagismo, obesidade, estresse, má alimentação e sedentarismo são fatores de risco das principais doenças cardiovasculares. Pessoas com hipertensão, diabetes e colesterol também são mais suscetíveis a sofrer com cardiopatias.

No intuito de reduzir o impacto das DCV, os sistemas de saúde têm concentrado esforços na prevenção primária de eventos cardíacos, incentivando modificações no estilo de vida para incluir uma alimentação saudável, atividades físicas regulares e cessação do tabagismo. A realização de exames médicos periódicos para monitorar e identificar precocemente quaisquer sintomas de risco de DCV que necessitem de tratamento imediato também é essencial. O êxito dessas medidas de prevenção primária, porém, é ofuscado pela deficiência significativa nos esforços investidos na prevenção de eventos secundários. O grupo de maior risco é a população de baixa e média renda, que é desafiada a aderir aos tratamentos diante das dificuldades de acesso e das prioridades financeiras conflitantes.

América Latina

Doenças cardiovasculares representam 38% dos óbitos por doenças não transmissíveis, sendo a principal causa de mortalidade (1,6 milhão de óbitos por ano) na região. Mais especificamente, as doenças coronárias e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) foram responsáveis por por 42,5% e 28,8%, respectivamente, da mortalidade por DCV na América Latina. Atualmente, há uma tendência de alta no número de óbitos por doenças cardiovasculares resultante de mudanças demográficas, econômicas e sociais nos últimos anos. Os setores mais pobres da população são desproporcionalmente impactados pela doença devido ao acesso desigual aos cuidados de saúde no que diz respeito ao gerenciamento e tratamento dos fatores de risco de DCV.

As barreiras na região da América Latina incluem:

  • Baixo nível de conscientização da população e ausência de comunicação por parte dos médicos sobre a gravidade das doenças cardiovasculares não tratadas, bem como sobre os fatores de risco associados;
  • Acesso não igualitário a tratamentos e cuidados eficazes após o diagnóstico de sintomas de risco de DCV;
  • Inacessibilidade e inconveniência de exames médicos preventivos;
  • Pesquisas e estudos limitados com foco no tratamento de mulheres com DCV, incluindo os impactos adversos na gravidez relacionados ao maior risco de DCV nas mães e seus bebês.
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